Natal de 2010 será o melhor da década
Com o crédito crescendo na casa de 25%, a projeção inicial de Vale era que as vendas do comércio ampliado neste mês atingissem R$ 98 bilhões. Agora ele reduziu a projeção de vendas para R$ 96,2 bilhões, levando em conta que o ritmo de crescimento do crédito ao consumo diminua para algo entre 15% e 20%. Com isso, o faturamento cresce em dezembro R$ 3,3 bilhões ou 3,5% na comparação o mesmo mês de 2009.
'O grande desafio fica para 2011', afirma o vice-presidente comercial do Walmart, José Rafael Vasquez. Ele diz que, por enquanto, a rede registra crescimento de dois dígitos nas vendas em relação a dezembro de 2009. 'Hoje a taxa está muito mais próxima de 20% do que 10%', diz, ressaltando que não mudou as condições de crédito.
O Magazine Luiza é outra rede que está em ritmo acelerado. A empresa fatura neste mês entre 25% e 30% a mais em relação a dezembro de 2009, considerando as mesmas lojas. Marcelo Silva, superintendente da rede, diz que as condições de crédito estão mantidas e observa que hoje, mais importante do que a taxa de juros, é o aumento do nível de emprego como motor das vendas. De toda forma, o radar da presidente do grupo, Luiza Helena Trajano, já captou mudanças. 'Para 2011, como será primeiro ano de novo governo, alguma freada vai ter, mas nada que mude o pilar da economia.'
Rodolfo França Jr., diretor da Máquina de Vendas, conta que as metas da rede para 2011 serão traçadas só depois do Natal. Por enquanto a rede mantém as condições do crediário, como taxas de juros e prazos, mesmo tendo de sacrificar margens para não perder vendas. 'Vamos segurar um pouco', diz ele.
Na análise de Caio Ortiz, vice-presidente da Semp Toshiba, que produz TVs, o pacote de crédito que atingiu em cheio os carros pode beneficiar o seu setor, com a migração para a compra de TV de LCD e notebooks.
À vista
Com mais renda, confiança no emprego, o consumidor começa a privilegiar as compras à vista em detrimento do crediário. Dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que as consultas para compras com cheque subiram 18% até o dia 9 deste mês em relação a igual período de 2009. Enquanto isso, as consultas para o crediário cresceram 10,4%. Até o mês passado, o crediário crescia mais que a venda à vista. Essa inversão não reflete ainda, segundo o economista da ACSP, Marcel Solimeo, o efeito do pacote para tirar a euforia do consumo.